Capítulo Qualquer

É tão interessante quando você se depara e pensa: Nossa! Quanta coisa e já vivi. Apesar de alguns momentos já terem ocorrido há 10 anos, por exemplo, em minha memória tenho a impressão de ter sido ontem. Colégio, conversas, amizades, festas, confraternizações, tudo tão recente, e ao mesmo tempo, tão distante.

Me lembro dos meus tempos de colégio, em que todo mundo era amigo, principalmente na hora das tarefas e provas. Do terceiro ano, que a minha turma foi a mais unida de todos os tempos. Lembro-me das reuniões que nós fazíamos durante a semana, mesmo com aula cedo no dia seguinte. Nossa! Como era gostoso esse tempo.

Das Cavalhadas que nem eu e nem meus amigos não perdíamos por nada! Noites e noites viradas de pura diversão. Viagens com o pessoal do colégio: nunca tiveram outras iguais a aquelas. Fora alguns almoços de aniversário na fazenda!

Sinto falta desse tempo, mais vejo também que é uma época gostosa, que ficou marcada e guardada nas lembranças. Hoje, eu e meus amigos estamos com outras vidas, prioridades e sonhos diferentes. No entanto, muitos destes sonhos estão se realizando aos poucos. Amigas que estão se cansando, outras que já casaram. Amigas que estão investindo na profissão sonhada, amigas que estão seguindo os passos dos pais.

São pessoas que eu sempre me lembrarei com o maior carinho, e que apesar de serem apenas 10 ou 15 anos, tudo está guardado na memória como uma das melhores coisas que já acontecerem na minha vida. Vocês amigos, fazem parte do meu mundo! E se vocês não estivessem lá, não teria a mesma graça!!!

Sempre escutei aquele ditado de que quem canta seus males espanta, mas no meu caso é o ato de escrever que me faz sentir melhor. Hoje percebi que as coisas mudam ao redor da gente, e que de uma maneira ou de outra, é tirado o chão no qual eu me sustento.

O baque é tão grande que me foi tirado o sono e a inspiração para escrever. Escrever, o meu consolo nas horas difíceis. As palavras saem mais facilmente da ponta dos meus dedos do que da ponta da minha língua. Mas vamos voltar à inquietação que me assola nesta noite.

Eu agüentei tanta coisa por tanto tempo. Finquei as minhas bases em algo que eu achei ser concreto, mas não passou de areia, onde nada em que é fincado dura para sempre. Mas foi nessa base que eu depositei as minhas esperanças e anseios que com o tempo, foram passando e eu me senti mais aliviada.

Mas não passava de um estúpido placebo que me fez crer que eu poderia sossegar. Quando eu menos esperei, o chão foi tirado de mim, sem nenhuma dó ou piedade. A aparência de um castelo rochoso que eu faço transparecer me pregou uma peça, e fez com que cada pedra caísse uma por uma, desmoronando tudo aquilo que eu havia construído.

Hoje me deparo com o mais profundo abismo ao meu redor, no qual não se tem pra onde correr. Até quando eu ficarei caindo nesse poço sem fim? Será que a reconstrução do chão vai demorar? Até lá eu continuarei caindo, até que eu pise no fundo ou de alguma forma eu volte a pisar em terra firme.

Quero escrever, mas me faltam as palavras. Quero falar, mas a voz é sufocada pela garganta. Uma vontade louca de chegar, falar e dizer: sinto falta do antes, pois o agora não me agrada mais. Como lidar com uma linha tênue que pode pender ou cair a qualquer momento? Falta-me o jeito certo. Falta-me a dose exata de coragem para seguir… Não sou um ser perfeito, longe disso, mas tento a cada dia pisando certo e errado, fazer o que é bom, para mim e para as pessoas ao meu redor.

É estranho como as coisas mudam e tomam outras proporções, desagradáveis e insanas. Atitudes que não condizem com o meio e com as pessoas ao redor. Falas equivocadas, impensadas e até mesmo estúpidas, magoando e destilando veneno sem necessidade. O veneno… Ah como o ser humano sabe ser venenoso quando quer, e destila isso sem pensar e para qualquer lado. Alias, não é aleatoriamente, mas sim em cima dos fracos, dos sensíveis, dos amigos e vulneráveis.

Ando estagnada de tanta falsidade, veneno, insanidades… Porque as pessoas se esquecem das singelezas das coisas?? Ao invés de descomplicar, elas complicam ainda mais, colocando mil e uma dificuldades em tudo. E vendo tudo isso, fico medido dedos para interferir e ajudar. Mas como? E novamente me faltam as palavras, a coragem e a força. Não me considero uma pessoa fraca, mas em certos casos, eu entrego os pontos para não me machucar ainda mais.

 

Quão gostosa é a sensação do não sei dizer o que é, do por vir, de comer algo que não existe, do sentimento de não sei o quê. Emoções não definidas de fatos que não aconteceram. Uma mente que traça teias de imaginações perdidas no tempo e espaço, que literalmente vão do nada para lugar nenhum.

Quem nunca sentiu este tipo de emoção que atire a primeira pedra! A ansiedade da espera por uma resposta, uma ligação, um resultado, uma notícia aguardada, ou algum acontecimento para mudar o cotidiano da vida. Ai a ansiedade, ela é ruim se condicionada a altos níveis de pressão, mas quando a pressão é de leve, vem aquele friozinho na barriga delicioso.

A expectativa do novo, da descoberta pode ser a melhor das sensações. Claro, se for aquilo que tanto se cobiçava. Mas do contrário, virá algo que poderia ter ficado sem resposta, ou até mesmo morrido no esquecimento ou seguido na ilusão. Mas mesmo assim, vale aquele tremor que sentimos dos pés à cabeça de esperar o aguardado, sendo bom ou ruim.

 

Acordei hoje e disse: A não! segunda-feira outra vez…. Mas apesar de não saber o motivo, acordei meio alegre e feliz. É uma sensação tão gostosa não acordar triste e desanimada com a vida. Há tempos não me sentia assim. Apesar de dizer que não existe um motivo aparente, a felicidade está intrínseca em pequenos detalhes do cotidiano.

Um sábado que poderia ser um fracasso se tornou um sucesso, com o reencontro de pessoas que já fizeram e ainda fazem parte da minha vida. Um domingo que poderia ser de pura morgação dentro de casa virou um passeio lindo e divertido, regado a ares campestres e colo de mãe!

Não que eu não tenha feito essas coisas antes. Mas sei lá, apesar de serem fatos e lugares repetidos eles trouxeram um ar de novo, algum detalhe que não tinha percebido antes. Vejo-me hoje sem aquela angustia que outrora me incomodava. Um ar de contentamento aconchegante me passando tanta tranqüilidade que nem sei explicar.

Agora vejo com bons olhos aquele velho ditado que diz: A felicidade está nas pequenas coisas. E é a mais pura e doce verdade! Às vezes damos um valor exacerbado nas coisas e pessoas ao nosso redor, que não merecem essa atenção. Detalhes. A vida é composta por eles, e eles se unem e formam um belo retrato do que realmente deve ser a existência.

 

Vendo Tropa de Elite 2 essa semana, me fez lembrar de algumas coisas nostálgicas, mas que também são relatos de uma realidade quase paralela. Gosto muito de Legião Urbana, e certas músicas escritas pelo Renato Russo eram verdades subentendidas. A música A Canção do Senhor da Guerra é uma delas.

A Canção do Senhor da Guerra

Existe alguém
Esperando por você
Que vai comprar
A sua juventude
E convencê-lo a vencer…

Mais uma guerra sem razão
Já são tantas as crianças
Com armas na mão
Mas explicam novamente
Que a guerra gera empregos
Aumenta a produção…

Uma guerra sempre avança
A tecnologia
Mesmo sendo guerra santa
Quente, morna ou fria
Prá que exportar comida?
Se as armas dão mais lucros
Na exportação…

Existe alguém
Que está contando com você
Prá lutar em seu lugar
Já que nessa guerra
Não é ele quem vai morrer…

E quando longe de casa
Ferido e com frio
O inimigo você espera
Ele estará com outros velhos
Inventando
Novos jogos de guerra…

Que belíssimas cenas
De destruição
Não teremos mais problemas
Com a superpopulação…

Veja que uniforme lindo
Fizemos prá você
Lembre-se sempre
Que Deus está
Do lado de quem vai vencer…

Existe alguém
Que está contando com você
Prá lutar em seu lugar
Já que nessa guerra
Não é ele quem vai morrer…

E quando longe de casa
Ferido e com frio
O inimigo você espera
Ele estará com outros velhos
Inventando
Novos jogos de guerra…

Que belíssimas cenas
De destruição
Não teremos mais problemas
Com a superpopulação…

Veja que uniforme lindo
Fizemos prá você
Lembre-se sempre
Que Deus está
Do lado de quem vai vencer…

O senhor da guerra
Não gosta de crianças…

 

O dia tinha começado bem, acordei na hora, me arrumei pra trabalhar, tomei café e saí de casa. Por algum milagre, nem me irritei no trânsito, e isso é bem comum acontecer. Até então tudo bem. Mas a manhã foi passando, e não sei o porquê e o motivo, meu ser foi tomado por uma ira estranha.  E não parou por aí, para não ser grossa e estúpida com as pessoas ao meu redor, me alojei por trás do meu computador e continuei trabalhando ao som de músicas me tentavam deixar mais calma. Mas também não resolveu muito não.

E continuou assim, e esse sentimento de esbofetear alguém só crescia dentro de mim. E na mudança de ambiente de trabalho, me vi praticamente sendo uma pessoa autista, introspectiva e não querendo me comunicar com ninguém, de forma alguma. E assim se procedeu ao restante da tarde, hora com interrupções necessárias, hora para fazer alguma coisa fora do mundinho computador-música.

Até o momento, algumas pequenas e grandes coisas salvaram o dia. Uma conversa inesperada e divertida, e notícias boas vindas de pessoas queridas. Mas o dia ainda não acabou, mas como vivemos regidos pelas probabilidades Murphy pode atacar ou não. De verdade, gostaria que ele não viesse bater um papo comigo. Da mesma forma que acordei leve e light, me agradaria muito terminar o dia e a noite.

Sabe aqueles dias frios em que você sente os ossos rangerem em uma agonia sem fim? Então, não faz frio, mas minha alma e meus ossos se agitam em uma aflição profunda que vem de algum lugar que eu gostaria de saber.  Uma amargura, um sentimento de não sei o que é domina todo o meu ser. Depressão? Medo? Tristeza? Amargura? Não sei dizer o que é, mas não é primeira vez que sinto.

É estranho que uma pessoa nova, digo com pouca idade, sentir sentimentos tão profundos, e em algumas vezes, desejar sumir do universo, seja de qualquer forma possível e imaginável.  Crianças sentem essas mesmas aflições de um adulto, acredite quem quiser. O medo de perder os pais, o medo do escuro, o medo das coisas inanimadas que na imaginação fértil de um infante pode tomar grandes proporções, o medo da vida. E ao crescermos, pensamos que tudo não passava coisas criadas por nossas mentes fantasiosas e pra lá de criativas.

Mas um dia, ao acordar, percebemos que tudo, tudo mesmo era a pura e horripilante realidade. A vida real. Nada de uma maquiagem chamada conto de fadas, que nos é contado na infância.  Não se pode comparar com um filme de terror, como um “A hora do pesadelo”, mas a realidade, em certas ocasiões se torna tão horripilante quanto.

E quando esse sentimento não passa? E você tenta enganar a todos, e até a si mesmo, tentando forjar uma pessoa, realidade, contexto inerente com a situação ou ao sentimento? São as famosas máscaras, mas não de falsidade, e sim de fuga, de saída, subterfúgio.  E dentre todas elas, as máscaras, você tem uma para cada ocasião, trabalho, faculdade, família, amigos, igreja. E na hora que você está sozinho em casa? De tantas faces, não se lembra mais qual é a sua verdadeira fisionomia. Você tira todas e quando chega realmente ao seu verdadeiro Eu, conhecido somente pelo o seu subconsciente e Deus, lembra de como é difícil se encarar diante o espelho. Depois do confronto com o Eu interior, você deita, e tenta dormir para esquecer que amanhã será mais um dia enfadonho em sua realidade paralela.

Mas o amanhã ainda é novo, e outro dia….

Há um ano eu me deliciava com este maravilhoso pôr do sol em João  Pessoa. Só para matar um pouco a minha saudade….

Resolvi aderir a era, moda, onda, o que quer que seja: aos Blogs!

Como sou uma pessoa que gosta de falar, comunicar e dar opiniões, vou compartilhar as minhas aqui!

E seja o que Deus quiser!